Hammurabi e o Antigo Império Babilónico

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A figura de Hammurabi, sexto monarca da I Dinastia da Babilónia, é bastante bem conhecida, sobretudo graças à abundante documentação escrita que possuímos da sua época, oriunda em particular dos arquivos da Babilónia e de Mari. Não foi em vão que Hammurabi se tornou a figura central de toda a História da Mesopotâmia. Podemos afirmar que, sem sombra de dúvida, este rei da Babilónia é a primeira personalidade notável daquela História, não só por não se ter limitado a desempenhar um papel em tudo idêntico aos desempenhados pelos seus antecessores, mas acima de tudo porque revela uma vontade consciente de os ultrapassar. Com a chegada da época de Hammurabi temos a sensação de assistir a uma mudança de rumo da História e cremos não nos enganarmos muito ao atribuir esta viragem à exclusiva responsabilidade do monarca. Se existem personagens poderosas capazes de mudarem o rumo da História, não restam dúvidas de que Hammurabi é uma delas e ainda por cima uma das mais antigas.

 

Hammurabi

 

A personalidade de Hammurabi, em todo o caso, perfeitamente acessível devido à documentação contemporânea, foi objeto preferencial da atenção de numerosos historiadores, cujas observações coincidem ao constatarem o seu caráter simultaneamente prudente e tortuoso. A sua atuação política caracteriza-se por saber esperar, deixando os inimigos esgotarem as forças até à exaustão enquanto poupava as suas próprias, aguardando o momento oportuno para atacar. O seu objetivo é a grandeza do Estado e não olha a meios para a conseguir: é, pois, a primeira prefiguração histórica do Príncipe, de Maquiavel. O seu programa realiza-se por etapas, alternando campanhas militares, ação diplomática, reformas e trabalhos internos e inclusive traições. A sua obra, o Estado babilónico, é a primeira construção política estável na História mesopotâmica; acima dos avatares políticos, das invasões e das mudanças dinásticas, a monarquia babilónica sobreviverá até ao século VI antes da nossa era. Devido ao seu prestígio, os reis persas manterão a ilusão da sua sobrevivência dentro do Império Persa e Alexandre Magno instalará a sua capital na Babilónia, o centro do mundo. Já com profundas transformações, a ideia de Estado babilónico sobreviverá ainda durante o Império Sassânida e pela Idade Média adentro.

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