Os gregos e a cultura dos sonhos
Os gregos interessavam-se muito pelos sonhos e criaram uma complexa ciência onírica. Faziam a distinção entre sonhos “verdadeiros” e “falsos”, dividindo os “verdadeiros”, ou significativos, em três categorias:
• O sonho simbólico — em que os acontecimentos surgem como metáforas e não se conseguem compreender sem interpretação.
• A visão — visto como uma pré-encenação de um acontecimento futuro.
• O oráculo — no qual a figura com que se sonha revela o que vai ou não acontecer.
O poeta grego Homero usou os oráculos nos seus poemas épicos sobre a guerra de Tróia — a Ilíada e a Odisseia —, ambos tidos como escritos no século VIII a.C. Nestes poemas, os sonhos assumem frequentemente a forma de uma visita de uma figura (um deus ou um fantasma) que aparece à cabeceira da cama e revela uma mensagem a quem dorme, desaparecendo em geral pelo buraco da fechadura.
Os sonhos, em especial os oráculos, eram vistos como mensagens dos deuses e eram avidamente procurados. Mais tarde, a prática da incubação (dormir em templos para desencadear sonhos importantes) era uma prática altamente organizada.
Os gregos consideravam os sonhos uma espécie de cura: os doentes dormiam nos templos dedicados a Esculápio, um curandeiro mágico tornado deus que providenciava a cura e conselhos médicos em sonhos.
Um dos primeiros livros de interpretação de sonhos foi escrito pelo grande adivinho e interpretador de sonhos Artemidoro, no século II. Com cinco volumes, a sua obra Oneirocritica (“A Interpretação dos Sonhos”) é um dicionário de sonhos e uma compilação da ciência onírica grega, incluindo observações suas sobre o assunto. Ele foi um dos primeiros a perceber a importância de ter em consideração a personalidade e as circunstâncias do sonhador ao interpretar os sonhos.