Os aborígenes australianos e a cultura dos sonhos
“O Tempo dos Sonhos” é o termo usado pelos aborígenes australianos para descrever a criação do mundo pelos seus ancestrais míticos. Eles acreditam que esses seus ancestrais (gigantes e animais) se espalharam pela terra, pelo mar e pelo céu no tempo dos sonhos a fim de criar a paisagem, formando com os seus passos gigantes as cordilheiras, os rochedos e os locais sagrados.
Durante séculos, os aborígenes seguiram as suas pegadas em jornadas espirituais ou nas migrações sazonais das tribos. Cada pormenor da paisagem, do charco às montanhas, tem um significado e é marcado por canções, rituais e lendas que têm de ser reafirmadas em certas alturas do ano para manter a ordem da terra e preservar os laços com os antepassados.
Por vezes, surgem num sonho novas informações sobre o “trilho dos sonhos” e é criado um novo ritual. Faz-se pouca distinção entre os acontecimentos sonhados e ocorridos e muitos cerimoniais são adotados diretamente do que foi presenciado em visões ou durante o sono por indivíduos especiais.
Existem mais de 500 tribos distintas de aborígenes na Austrália, muitas das quais possuindo diversas explicações para os sonhos. Os Dieri acreditam que uma pessoa adormecida pode ser visitada pelo espírito de um morto. Os Narrang-ga crêem que o espírito pode deixar o corpo durante o sono e comunicar com os espíritos de outros ou com os dos mortos que vagueiam nos bosques e os Japagalk acreditam que, se alguém estiver doente, pode ser ajudado pela visita, em sonhos, de um amigo falecido.