Abdul Sattar Edhi, o asceta que serviu a humanidade

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Abdul Sattar Edhi (1928-2016) foi um filantropo, asceta e humanista paquistanês que fundou a Fundação Edhi, que administra hospitais, residências para pessoas sem abrigo, centros de reabilitação e orfanatos em todo o Paquistão.

 

Abdul Sattar Edhi

 

Nascido em Gujarat, na Índia Britânica, Edhi mudou-se para Carachi, no Paquistão, onde estabeleceu um dispensário gratuito para os residentes pobres da populosa cidade As atividades beneficentes de Edhi expandiram-se em 1957, quando uma epidemia de gripe asiática varreu Carachi. As doações permitiram-lhe comprar a sua primeira ambulância no mesmo ano. Mais tarde, ele voltou a expandir a sua rede de caridade com a ajuda da sua esposa Bilquis Edhi.

 

Ao longo da sua vida, a Fundação Edhi cresceu muito apoiada inteiramente com doações privadas, incluindo o estabelecimento de uma rede de 1.800 ambulâncias. Na altura da sua morte, em julho do ano passado, Abdul Sattar Edhi estava registado como o pai ou guardião de quase 20.000 crianças. Também conhecido como Anjo da Misericórdia, o asceta Edhi é considerado atualmente como a figura mais respeitada e lendária do Paquistão. Em 2013, o jornal ‘The Huffington Post’ afirmou que ele era “o maior humanista vivo do mundo”.

 

Fundação Edhi

 

Edhi manteve um estilo de gestão relaxado, e era muitas vezes crítico do clero e dos políticos. O Anjo da Misericórdia foi um forte defensor da tolerância religiosa no Paquistão e estendeu o apoio da sua fundação às vítimas do furacão Katrina e da fome de 1985 na Etiópia. O asceta foi nomeado várias vezes para o Prémio Nobel da Paz, mas infelizmente nunca o ganhou.

 

Problemas em viagens ao estrangeiro

 

No início dos anos 80, Edhi foi preso por tropas israelenses ao entrar no Líbano. Em 2006, foi detido em Toronto, no Canadá, por 16 horas. Em janeiro de 2008, funcionários de imigração norte-americanos interrogaram o Anjo da Misericórdia no Aeroporto John F. Kennedy, em Nova Iorque, por mais de oito horas, e apreenderam o seu passaporte e outros documentos. Quando questionado sobre estas detenções e problemas frequentes em viagens ao estrangeiro, Abdul Sattar Edhi disse que a única explicação era “a minha barba e o meu vestido”.

 

Doença e morte

 

No dia 25 de junho de 2013, os rins de Edhi falharam. Os médicos anunciaram que ele ficaria em diálise para o resto da sua vida, a menos que encontrasse um doador de rim, o que nunca aconteceu. Ele morreu em 8 de julho de 2016, com 88 anos de idade, devido a insuficiência renal depois de ter sido colocado num ventilador. Os seus últimos desejos incluíam o pedido de que os seus órgãos fossem doados, mas devido à sua débil saúde apenas as suas córneas foram aproveitadas. Ele foi sepultado na Aldeia Edhi, em Carachi.

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