Os budistas tibetanos e a cultura dos sonhos
Os monges budistas crêem poder controlar os seus sonhos através do ioga. Esta forma de sonho lúcido ajuda o iogue a perceber que o mundo real, tal como o dos sonhos, é um produto da mente.
O budismo é sustentado pela filosofia de que o mundo que experimentamos é irreal ou ilusório e o objetivo da vida religiosa ou espiritual é “despertar” da ilusão.
Um dos meios pelos quais esse “despertar” pode ocorrer é através da prática do ioga. Na sua original forma sul-asiática, esta prática engloba uma série de exercícios, físicos e espirituais, destinados a libertar a pessoa do ciclo da reencarnação.
Embora existam muitas formas de budismo, foi o tibetano (estabelecido no Tibete no ano de 747) que levou a prática mais longe, concebendo uma forma de ioga para controlar o estado onírico. Isto tem a ver com aquilo que é vulgarmente conhecido como sonho lúcido – a consciência de estar a sonhar enquanto o sonho decorre.
Diz-se que os mestres do ioga onírico tibetano são capazes de entrar e sair do sono sem perder sequer a consciência.
Durante o sono, o iogue (o praticante de ioga) exerce controlo sobre o conteúdo e direção dos seus sonhos e, ao fazê-lo, torna-se consciente de que o mundo onírico é transitório e pode ser manipulado pelo poder da mente consciente. Isto, por sua vez, ajuda-o a perceber que o mundo real é, tal como o dos sonhos, um produto da mente e, portanto, igualmente ilusório.
Também se acredita que o controlo do estado onírico ajuda o iogue a determinar para onde vai a sua consciência após a morte – um dos principais objetivos das escolas de budismo tibetano.