Tudo sobre os sonhos lúcidos
Um sonho lúcido é aquele em que o sonhador tem consciência de que está a sonhar. Quem tem experiência neste tipo de sonho consegue manipular o seu conteúdo – pode pensar e raciocinar, tomar decisões e agir de acordo com elas. Nem toda a gente consegue ter sonhos lúcidos com facilidade, mas é possível aprender.
O termo “sonho lúcido” foi usado pela primeira vez pelo médico alemão Frederik Van Eeden, que começou a estudar os seus próprios sonhos em 1896, só tendo sido aceite e estudado há relativamente pouco tempo, depois de os investigadores terem descoberto sólidas provas de que estas pessoas não só têm sonhos realistas como possuem consciência de que estão a sonhar.
Quem tem este tipo de sonhos é geralmente alertado para o facto de que está a sonhar por um sinal ilógico ou impreciso, como, por exemplo, encontrar alguém que sabe estar morto ou voar de um edifício alto. Por vezes pode ser um estímulo emocional, como medo ou ansiedade. Os pesadelos conduzem frequentemente a um período de lucidez: aquela fugaz sensação de alívio quando percebemos que o panorama terrível que estamos a viver é apenas um sonho.
Há alguma vantagem em ser capaz de sonhar com lucidez? Os budistas tibetanos acreditam que os sonhos lúcidos são um modo de nos prepararmos para a vida após a morte, um ambiente semelhante ao mundo onírico. Diz-se que alguns mestres do ioga tibetano são capazes de entrar e sair do sono sem perder a consciência.
Uma grande percentagem dos nossos sonhos comuns (algumas pessoas chegam a falar em dois terços) possui elementos desagradáveis. Sonhamos frequentemente que somos atacados ou perseguidos ou que caímos de sítios altos, o que nos faz sentir assustados, ansiosos ou infelizes. Os sonhos lúcidos, porém, raramente focam acontecimentos desagradáveis porque, se o sonho é desagradável, a pessoa consegue distanciar-se com o pensamento “é só um sonho”.
Como ter sonhos lúcidos
Se tem consciência de que está a sonhar, teoricamente poderia ser capaz de alterar o rumo do sonho. Pode decidir onde quer ir, o que quer fazer e quem quer encontrar. Pode mesmo decidir enfrentar os medos encarando o monstro que o persegue em vez de fugir dele. Ou pode optar, simplesmente, por se divertir.
Se quiser desenvolver a arte dos sonhos lúcidos, primeiro tem de ser capaz de reconhecer que está a sonhar. Há algumas coisas que pode fazer para ajudar a aumentar essa consciência:
• Pergunte-se “estou a sonhar?” durante o dia, enquanto está acordado, e imediatamente antes de se deitar. Isto fará da questão uma presença constante nos seus pensamentos e mais provável de lhe ocorrer enquanto sonha;
• Para além de verificar se está ou não a dormir, confira a realidade física que o rodeia. Há alguma coisa estranha ou irreal à sua volta? Consegue flutuar no ar? Encolheu? A ideia é fazer as mesmas verificações quando estiver a dormir e, assim, aperceber-se de quando as coisas estão a acontecer em sonhos;
• Tente manter um nível de alerta mental ao adormecer. Stephen LaBerge, diretor do Instituto da Lucidez, nos Estados Unidos, sugere contar carneiros ou recitar a tabuada dos 12. Este exercício deverá permitir-lhe manter a consciência durante a transição entre a vigília e o sono, com o objetivo de, a dada altura, se aperceber de que está a sonhar;
• Repita uma afirmação positiva antes de adormecer, como “hoje vou aperceber-me conscientemente de que estou a sonhar”.
Há uma componente de controlo no sonho lúcido, mas ainda assim continuamos limitados pelas nossas próprias expectativas e limitações. Podemos direcionar o sonho até certo ponto, mas não o podemos controlar totalmente. Por exemplo, uma vez que sabemos estar a sonhar, podemos decidir visitar uma ilha tropical, mas não sabemos como ela é antes de lá chegar. Resumindo, o sonhador tem de aceitar o cenário ou conceito básico do sonho e deixar que este evolua, exercendo algum controlo sobre as suas ações e reações. O controlo excessivo também pode acordá-lo!